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Boom econômico

 

Boom econômico

Foi depois dessas invenções e do consequente aumento da procura por borracha que o Brasil passou a fazer parte dessa história e Manaus e Belém começaram a se transformar em duas das mais importantes cidades da América Latina.

"Antes do início do Ciclo da Borracha, a Amazônia era mera fornecedora de especiarias com a exploração das chamadas drogas do sertão: canela, cravo, anil, cacau, raízes, sementes oleaginosas, salsaparrilha e outros (produtos naturais da floresta) de grande procura no mercado europeu", diz Silva.

O Brasil atingiu o ápice da sua produção de borracha em 1912. Segundo o historiador Daniel da Silva Klein, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a borracha chegou a figurar como o segundo produto mais importante da agricultura brasileira, respondendo por pouco mais de 23% do total das vendas externas.

Av. Eduardo Ribeiro em 1902

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Avenida Eduardo Ribeiro, no Centro de Manaus, em 1902

"Obviamente que esse posto figurava muito abaixo do café, responsável por 64% do valor das vendas externas do país", conta. Em toneladas, no entanto, o volume produzido de borracha era 3,5 vezes maior que o de café: 42 mil ante 12 mil.

Para o engenheiro de pesca Thiago Marinho Pereira, da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOP), hoje é impossível visitar Manaus e Belém, as duas maiores metrópoles da Amazônia, sem deixar de perceber construções e resquícios de uma arquitetura neoclássica, de um período conhecido mundialmente como Belle Époque.

"Apesar de ser considerada uma época estritamente europeia, coincidiu com o apogeu econômico, de ambas as cidades, provocado pela hegemonia mundial na produção da borracha, catapultada pelo descobrimento dos processos de vulcanização e pela produção de pneumáticos com câmara de ar", explica.

De acordo com ele, é nesse contexto que Manaus e Belém, até então cidades irrelevantes no cenário geopolítico e econômico mundiais, são jogadas em um processo abrupto e fugaz de desenvolvimento econômico.

"Abrupto, pois foi algo que deu à região amazônica, pela primeira e única vez na história, a hegemonia sobre algo de relevância mundial e de forma muito rápida", diz.

"Em um curto espaço de tempo de 20 anos (1890-1910), a renda per capita subiu 800% e a população aumentou em 400%."

Segundo Klein, em número absolutos, a população de Manaus passou de pouco mais de 29 mil pessoas em 1872 para mais de 75 mil em 1920.

"Belém, por sua vez, nesse mesmo período, saltou de quase 62 mil para cerca de 236 mil habitantes", conta.

"Lembrando que essas cidades ficavam fora do eixo Rio-São Paulo e tiveram altas taxas de crescimento populacional."

Praticamente todo esse aumento populacional se deve à chegada de nordestinos, principalmente do Ceará, para trabalhar nos seringais.

O pesquisador Reinaldo Corrêa Costa, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), diz que durante o Ciclo da Borracha criou-se uma nova configuração regional, que incluiu novos circuitos de mercadorias, novos hábitos de consumo com bens importados, assim como uma desarticulação das produções locais, devido à chegada dos produtos estrangeiros de consumo das classes alta e média, entre os quais se destacam alimentos, roupas e transporte, por exemplo.

Grupos ligados ao circuito da borracha também tiraram proveito da situação de fluidez de mercadorias e algumas famílias se destacaram nesse contexto.

Prédio do Tesouro Estadual em 1902, já com pavimentação

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Prédio do Tesouro Estadual, em Manaus, em 1902

"Houve uma melhora, uma modernização nos sistemas de comunicação diretos com Londres com cabo submarino e com a então capital do Brasil [Rio de Janeiro]", explica Costa.

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